6 Capítulo
O mundo é uma escola
I. Indo ao encontro do desconhecido.
Eu gostava de fazer amizades com os estrangeiros. A maioria deles são muito educados e possuem algo de interessante. É o exótico que parece tão atraente aos olhos. A faculdade perdeu o encanto de repente. Eu aprendia mais sobre a língua portuguesa numa simples conversa com um cliente tradutor espanhol que em minhas aulas de linguística. Cultura do Brasil ficava bem mais simples de entender num bate papo com um cliente de Lisboa. Comecei a entender mais profundamente os pilares da cultura ocidental quando me relacionei com italianos e gregos. Estava ficando claro que tinha um mundo lá fora e que eu tinha que descobrir.
Quando alguém me falava que era perigoso uma moça ir para outro país se confiando em estranhos eu concordava mas no fundo não me importava com o risco. Qualquer coisa que me acontecesse seria pouco perto do sofrimento que eu tinha passado nos últimos anos. Eu não tinha medo nem mesmo da morte. O fim da minha existência significava na pior das hipóteses, descansar. E na melhor das hipóteses, reencontrar minha família, porque no fundo meu ser eu ainda acreditava nisso. Não sabia que tão distante do Brasil e da minha vida e passado eu pudesse me reaproximar de Deus. Isso porque quando a gente pensa que perdeu tudo pode de repente descobrir que ainda tem muita coisa a perder e a recuperar.
Pra mim tudo era lucro. Eu viajava, conhecia países e culturas diferentes, aprendia idiomas e ainda ganhava dinheiro com isso. Quem seria estúpida de recusar os convites de viagem? Bem, eu conheço muita gente que não teria essa coragem. Mas fui além da minha coragem. Muitas pessoas olhavam para mim e viam um corpo ambulante. Era o erro delas. Usava o cérebro muito mais que o meu corpo para ganhar dinheiro. E foi assim. Como já disse aqui aprendi que o coração é um péssimo conselheiro. Mesmo trabalhando no Brasil consegui juntar muita grana. Eu peguei todas as informações do meu cliente Franco-Espanhol em Madri e fui por conta própria, sem avisá-lo. Eu queria chegar lá sozinha. O plano era me hospedar por uns dias num hotel no centro de Madri, fazer o reconhecimento da cidade, me certificar que ele não mentiu sobre seu endereço e trabalho. E só depois contactá-lo.
Eu tranquei a faculdade e fui mesmo sem saber se ia passar 20 dias ou três meses. Chegando na Espanha eu não estranhei absolutamente nada. Tudo que eu imaginava da cosmopolita Madri era do mesmo jeito ou melhor. E com tanta adaptação eu não podia ficar apenas 20 dias. Mesmo depois de descobrir que eram verdadeiras as informações do meu cliente eu desisti de contactar o Franco-Espanhol, pois percebi que ficar com ele me atrapalharia de ganhar mais dinheiro. Da Espanha eu aprendi que os homens são loucos e drogados. É um lugar que se pode tirar até o couro de um homem, se caso você embarcar na onda deles, ou seja, se drogar também. Definitivamente não era a minha vibe. Eu sempre quis conhecer as belezas multi étnicas da cidade luz. Foi meu próximo destino. Comprei um bilhete de Trem e embarquei para Paris. Chegando lá peguei o velho metrô direto para Monmartre onde me hospedei num apartamento por temporada.
Da minha viagem a França o que mais ficou marcado foi quando escalei o Mont Blanc. Foi o meu primeiro contato com a neve. Senti uma sensação de ter chegado no topo do mundo. Eu estava num dos destinos mais desejados pelos turistas do mundo inteiro. E ainda por cima me sentindo livre pra voar como nunca tinha me sentido antes. Não vou negar que foi uma sensação muito gostosa, mas meu coração exitou em um momento, tudo que eu estava fazendo. Ali naquela altura, eu me senti mais próximo de deus, depois de meses sem nem pensar que ele existia. A unica coisa que eu pensei quando olhei ao redor e contemplei todo aquele país abaixo dos meus pés foi que mesmo assim eu ainda estava abaixo de deus. Reconhecer a soberania de deus naquele momento foi o mesmo que fazer as pazes com ele. Quero dizer que eu estava impedindo dele se manifestar na minha vida. Mesmo assim ele não desistiu de mim. Isso porque quando você acredita em Deus ele caminha lado a lado com você, mas quando você desacredita, você o afasta. Valeu a pena esses dias na França mas eu tinha que conhecer a capital da diplomacia. A Suíça me aguardava.
Homem Bilionário é o Árabe. E Genebra é um dos destinos favoritos deles. Mal cheguei lá me deparei com um egípcio que me arrancou o folego não pelo seu charme que pra mim era o que menos importava e sim pela forma que demonstrou que tinha dinheiro. Era um dia de semana por volta de 16:00 horas fui até uma rua tradicional de Genebra e entrei numa típica casa de chá com decoração Árabe. Só pra vocês entenderem esses estabelecimentos são tipo um Café onde é permitido vários tipos de fumo. Cigarros, charutos, cachimbos e narguilé acompanhados de chá. O Egípcio se aproximou da minha mesa e me ofereceu um chá especial, indicou também um fumo que era muito aromático. Conversamos e ele não se mostrou nem um pouco surpreso ou chateado com o fato de eu cobrar para fazer companhia a ele. A nossa conversa durou menos de 20 minutos, de repente ele pediu desculpas e foi embora. Mas antes pagou a conta, beijou minha mão e discretamente um homem que estava com ele deixou sobre a mesa 500 euros. Eu pensei: droga! Como faço pra encontrar esse homem novamente? Se 20 minutos vale 500 euros. Uma semana com ele eu ganho uma carro. Eu preciso encontra-lo novamente.
E saí tentando ver para onde ele teria ido. Decidi voltar para o hotel. Uma hora depois eu saia de um maravilhoso banho de sais minerais quando a campainha toca. Eram flores do egípcio. No cartão dizia: Desculpe se eu pedi para um de meus seguranças seguir você. Mas foi melhor assim que nunca mais voltar a ver seu sorriso iluminado. Meu motorista vai pegá-la as 20:00 horas se você aceitar jantar comigo esta noite. Com respeito Rhavi. Eu vibrei tanto que dei uma gorjeta bem gorda para o mensageiro. Eu sempre acreditei que o que você dá para os outros volta para você.
Eu não sabia mas Deus estava usando Alá para me alertar. Se é que Alá não é apenas mais um dos muitos nomes que Deus tem. Eu não me considerava mais cristã, muito menos uma pessoa religiosa. Mas me chamou atenção a relação tão bonita e próxima que os muçulmanos têm com Deus. O motorista me pegou na hora certa. E me levou até o hotel mais luxuoso da cidade. No restaurante do hotel havia uma harpa e um violão celo, instrumentos pouco comuns. Tocavam canções orientais. Um som tão relaxante, impossível não encontrar a paz. Enquanto aguardava Rhavi meditava nas palavras ditas em silencio para mim mesma. Quando Rhavi me viu o olhar dele me dizia que eu era a mulher dos sonhos dele. Não era novidade para mim que eu era a mulher dos sonhos de qualquer homem. Mas eu vi tanta pureza no olhar dele. Me senti bem pela primeira vez com um cliente.
Conversamos até altas horas. Uma conversa muito interessante para os dois lados. Eu queria conhecer um pouco da cultura egípcia e ele queria saber tudo sobre o país do carnaval. Ele se surpreendeu pelas minhas características físicas. Pra quem não conhece o Brasil imagina que toda mulher é mulata e cheia de curvas avantajadas, com pernão, bundão e cabelos afrodescendentes, como as passistas. E eu sou branca, loira, magra e alta. Fruto de um pai gaúcho e uma mãe mineira. Apesar dessas minhas características físicas eu me diferencio das europeias exatamente pela sensualidade natural de toda brasileira. E o Rhavi só sabia ser sedutor o tempo inteiro. O mundo Árabe era um fascínio pra mim. No final, já estávamos caindo de bêbados ou de sono ele me conduziu até a suite. Ele colocou minha bolsa sobre o criado mudo. Me deitou na cama. Tirou meus sapatos. Me cobriu. Olhou para meus olhos assustados, meio zonza sem entender nada. Ele se sentou na beira da cama, se inclinou, e me beijou na testa. Me deu boa noite, apagou a luz e foi embora.
No dia seguinte acordei com a mesma roupa da noite anterior e percebi que dormi sozinha. Ele tinha outro quarto. Ao meio dia me chamou para passear no barco dele. Almoçamos em alto mar. Foi um passeio fantástico cheio de descobertas incríveis sobre a religião islâmica. Ele de fato era bastante religioso. O Albert também era bastante religioso. E também era milionário. Lembrei disso e lembrei da teoria da prosperidade tão defendida pelo pelo Pastor Anjo. Eu sentia saudade do meu pastor. Eu ouvia o Rhavi falar e parecia que tudo fazia sentido. Nada é por acaso. Deus está sempre no comando de nossas vidas. Mesmo quando tomamos decisões erradas ele tem sempre o controle de nossas vidas.
O Rhavi contando das suas experiências com deus. Aquele mar sem fim. Minha vida passou como um filme na minha mente. Eu contei um pouco da minha história. Falei sobre o câncer da minha mãe. Mas não contei mais nada. Não abri a minha vida pra ele. Quando um homem sabe tudo sobre uma mulher acaba o mistério. Você tem que ir mostrando pouco a pouco. Foi o que eu fiz. Primeiro, porque sabia que funcionava assim. Segundo, porque doía demais, as minhas feridas ainda estavam todas abertas. E eu acabava de perceber essa realidade. O bom foi perceber que eu estava "vivinha da silva". Depois que perdi minha família e tomei as decisões mais drásticas que podia eu vivia como se estivesse morta em vida. Mas com o Rhavi percebi que eu estava enganada. Tive gana de viver. De conquistar as coisas. E principalmente de sentir as coisas. Celebrar a vida. Isso é ser feliz.
Voltei para o meu hotel no fim da tarde com um cheque no valor de 5 mil euros e ele nem se quer me beijou. Ele poderia ter feito o que quisesse comigo. Mas graças a deus ele não fez porque eu começava a recuperar os meus sentimentos novamente. Três dias se passaram e eu na minha vida normal sem saber notícias do Rhavi. Até que um amigo dele me liga querendo companhia. Aí eu tive certeza de que ele só queria me ajudar. Estava até me arrumando cliente na ausência dele. Tudo isso era bem estranho. Bom, eu fui encontrar o tal Árabe. Esse foi criado nos Estados Unidos, conhecia o Brasil e entendia bem minha cultura. Tudo correu bem e eu tive a informação que aquele hotel de luxo pertencia a Rhavi. Aquele e tantos outros. A Rede hoteleira dele era a maior do mundo. Eu não entendia qual a intensão dele comigo. Me dava dinheiro e nem se quer me tocava. De repente manda um amigo como se fosse pra me testar ou descobrir algo de mim.
Meu prazo estava prestes a se acabar e eu tinha que deixar Genebra. Eu recebi várias caixas de presente, flores e um cartão marcando um encontro. Abri as caixas, e bem, tinha de tudo. Roupas, sapatos, perfumes, hidratantes, jóias e até chocolates. Eu fiquei feliz que o Rhavi estava de volta e que tinha prestado atenção nas minhas medidas e nos meus gostos. Claro que aqueles presentes sugeria como tinha que ir vestida ao encontro dele. Mas não deixei ele escolhesse o que eu ia vestir. Coloquei o vestido que menos gostava pra provar que até o meu pior gosto é muito refinado. Fiz um penteado à la Grace Kelly e mostrei a ele que sei me vestir e me comportar como uma princesa. Ele estava radiante quando me viu. Fomos ao Le Grand Théâtre, o principal teatro de opera de Genebra. Depois fomos jantar quando me disse que eu não precisava voltar para o Brasil se não quisesse. Que esse era um problema muito simples para ele resolver. Na verdade eu não queria voltar para o Brasil. Ele me chamou para acompanha-lo em suas viagens pela França, Inglaterra e Principado de Mônaco. Eu nem pude esconder minha euforia. Vibrei, bati palminha, segurei na mão dele e disse que essa era a melhor noticia que poderia receber.
II. Como vive uma princesa.
E nós embarcamos para Paris juntos. Eu era chamada de senhora Kalid porque ele falava pra todos que eu era esposa dele. Mas nós continuávamos em quartos separados. Ele não dizia, mas demonstrava que estava apaixonado. Me respeitava e me cobria de mimos e atenção. Exatamente como o Albert fazia. Mais uma vez eu tendo uma oportunidade de ouro em minhas mãos. E desta vez com um príncipe egípcio. Ele sempre me levava em passeios tranquilos onde podíamos estar mais próximos da natureza. E eu ficava cada vez mais vulneráveis as minhas emoções. Rhavi gostava de se isolar pra falar com deus e cada vez que fazia isso eu sentia falta do convívio com deus. Ele tinha que fazer isso pelo menos uma vez no dia. Meu príncipe dizia que pra encontrar com deus é necessário se afastar de tudo e de todos. Que qualquer coisa espantava o sensível espírito de deus. Também dizia que na mesquita todos estão com o coração e a mente voltados para deus mas que a razão maior é a reverencia. Os agradecimentos ele gostava de fazer na mesquita, mas quando tinha alguma aflição ele preferia se afastar para sentir o espírito de deus falando com ele sem interferências.
Eu ainda era um enigma para Rhavi. Fomos passar uma semana na sua casa preferida numa região muito luxuosa da França, Saint-Jean-Cap-Ferrat, localizada nos Alpes Marítimos, no sudeste Francês. Uma cidade próximo a Mônaco e tão charmosa quanto. Ele dizia que neste lugar ele sentia a presença de deus constantemente. Ele se isolava e passava horas no jardim de sua mansão. No penúltimo dia de nossa pequena férias em Saint-Jean-Cap-Ferrat ele me perguntou se eu nunca me preocupei em despertar mais que atração em meus clientes. Eu respondi que nunca tinha pensado nisso. E realmente não me preocupava com isso porque se eu não podia me apaixonar por eles não esperava que eles pudessem se apaixonar por mim. Eu não fazia nada pra despertar estes sentimentos. Sempre fria, distante e evasiva eu procurava manter uma distancia ou uma barreira entre eu e os homens que me pagavam. Ele me disse que eu não fazia ideia do poder que tinha. Eu sorri e disse que tanto sabia o poder que tinha quanto sabia tirar proveito disso. Mas eu estava falando da minha beleza. E ele estava falando da minha mente impenetrável. É o tal do mistério tão admirado pelos homens.
Quando já estávamos em Paris eu vi ele escondendo uma joia no bolso do seu casaco. Eu, curiosa, fui olhar a joia. Um anel lindo. Pensei que ele fosse me pedir em casamento. Era um belo valioso anel de compromisso. Depois ele guardou a joia no cofre. E os dias foram passando. Ele sempre romântico, apaixonado, e misterioso também. Que ele me amava eu tinha certeza, pela forma como me olhava e como me tratava. Eu queria conhecer Mônaco, mas ele tinha uma viagem para Dubai. Ele me pediu para ir sozinha. Me deu um cartão ilimitado. Dois guarda costas. E um pedido para ser discreta. Um pedido que não precisava. E eu fui conhecer o Principado de Mônaco. Me senti tão bem. Me senti livre. Me senti milionária. Me senti uma verdadeira princesa. Eu olhava ao meu redor e só via riqueza e luxo. Quando eu digo que me senti livre não estava me referindo ao Rhavi. Ele sempre me deixou muito a vontade e eu realmente me sentia bem com ele. Estava livre porque podia entrar onde queria sem me importar se o lugar parecia caro demais. Podia entrar nas lojas que quisesse e comprar qualquer coisa sem perguntar quanto custa. Podia sair sem ter hora certa pra voltar. Podia nem voltar. Apesar dos seguranças eu sabia que eles eram meus amigos e iriam fechar comigo em tudo, mas não queria me envolver com outro homem. Queria apenas poder acordar meio dia como nos velhos tempos, uma única vez. Queria poder fazer as minhas refeições fora de hora, e comer o que me desse na telha. Não estou de forma nenhuma me queixando da vida que levava com Rhavi. Mas ele era sempre tão disciplinado que uns dias longe dele me fez relaxar. Tenho quase certeza que até ganhei uns quilos a mais.
Descuidar da alimentação, não praticar os exercícios físicos obrigatórios diariamente e não ter um momento para meditar foram uma das coisas que fizerem minha viagem a Mônaco serem inesquecíveis. O respeito com qual era tratada simplesmente por estar em um lugar que não é visitado por qualquer um me fazia refletir o quanto a sociedade é hipócrita. Quando eu vivia em Copacabana e não fazia programa eu era discriminada simplesmente por ser uma dançarina. Era como se todas as mulheres que vivesse em Copacabana se prostituísse. E era como se trabalhar em uma boate te deixasse sem dignidade. Mas eu estava ali em Mônaco num luxuoso hotel que pertencia ao homem que na cabeça deles era no mínimo meu amante. E mesmo assim estendiam o tapete vermelho. Não era casada, nem noiva e nem amante do Rhavi. Eu era mesmo a acompanhante de luxo que ele caprichosamente queria exibir. E isso não era da conta de ninguém. Mas pelo menos eles me respeitavam.
É um sentimento indescritível de ego e superego muito bem afinado. Nunca vou esquecer quando entrei triunfante no luxuoso Cassino de Monte-Carlo. Tinha paparazzi me fotografando. Mas os seguranças pegaram as câmeras e arrancaram o filme. Eu odiei que eles fizeram isso. Mas era necessário preservar o meu príncipe que era Sátrapa do Egito. Ele já tinha me explicado que seu título de nobreza era equivalente ao vice presidente de um país. No caso de um reinado era uma espécie de sub rei. Eu entendia que estava numa posição delicada e muito séria. A minha vaidade queria fama mas no Brasil e não em um lugar onde eu não passava de uma desconhecida. Outra coisa, se eu começasse a chamar a atenção com certeza iam fuçar a minha vida e descobrir a minha atividade. Não queria causar esse constrangimento para Rhavi. Por isso, lembrei que ele me pediu para ser discreta. E eu fiz tudo para não desagrada-lo.
III. Terrível engano.
Quando eu voltei de Mônaco meu príncipe me esperava cheio de amor. Desta vez algo estava diferente. Minha linda e confortável suite estava com uma decoração nova. Muito mais charmosa e com cores quentes. Tinha um vestido muito lindo sobre a cama que combinava com os sapatos que um estilista francês desenhou especialmente para mim. Ele me beijou como nunca havia feito antes. Nesses quase dois meses de relacionamento ele sempre foi um cavalheiro. E eu uma dama. Eu não estava apaixonada por ele mas não queria perde-lo de jeito nenhum nesse mundo. E não sabia como agir para mante-lo interessado em mim. Pois aqueles velhos truques de sedução um dia não iriam mais surtir o menor efeito. Enquanto me beijava com todo desejo ele me acariciava atrevidamente. Eu não era mais a mulher que fazia o gênero assustada mas pela primeira vez fiquei embaraçada. Não estava claro na minha cabeça se aquilo era um programa ou um envolvimento afetivo. Fiquei confusa porque ainda pensava no Pastor Anjo. Mas também não posso negar que queria muito me apaixonar pelo Rhavi. Ele era um homem maravilhoso e podia me fazer feliz.
Quando conheci Rhavi achei que ele fosse ser um cliente apenas. Por isso quis aproveitar o máximo tudo que ele podia me proporcionar, tanto financeiramente quanto culturalmente. E sabia que o fato dele não me possuir só iria esticar bastante o meu tempo com ele. Mas não me dei conta que este prazo já tinha se esgotado ha muito tempo. E só neste dia eu percebi. Me dei conta com a forma como me beijava e me acariciava. Eu realmente não sabia como agir. Pedi que ele saísse do meu quarto. Ele disse: _ Claro! Mas a mensagem estava dada. Naquela noite mesmo ele queria me ter. E eu não podia me recusar. Afinal nós dois sabíamos no que se sustentava nossa relação. Era o toma lá, dá cá onde eu estava cheia de dívida até o pescoço com ele. Eu só pensava que não podia decepcioná-lo. Era a minha vez de mostrar que todo o investimento dele era compensador. Com parte das minhas emoções de volta eu só pensava que podia sim me apaixonar por ele e isso não me causava medo porque tinha certeza que ele me amava.
Nossa noite foi perfeita como todas as noites com Rhavi. Eu exagerei no champanhe porque sempre achei que a bebida me deixava mais emotiva. Eu queria demonstrar algum sentimento por ele. Um sentimento que fosse mais do que ele poderia imaginar e que nos surpreendesse. Chegando na minha suite ele me carregou no colo e me deitou na cama com todo cuidado. Eu estava como um bibelô na cama. Vestida como uma princesa. Cabelo e maquiagem impecável. Eu estava imóvel na cama observando cada movimento dele. Ele estava com a camisa toda desabotoada e levemente tímido com seu corpo atlético. Ao mesmo tempo que eu queria recuperar minhas emoções, eu queria poder tirar da minha cabeça o Pastor Anjo.
Ele pegou um saquinho que estava na gaveta do criado mudo. Contornou a cama, ficou de joelhos em cima do colchão e me estendeu a mão. Eu fiquei na mesma posição dele. Nós dois ajoelhados, frente a frente, olho no olho e pensamentos tão divergentes. Ele abriu minha mão e colocou o saquinho e me disse para abrir depois. Olhava profundamente nos meus olhos. Disse que gostava de ver os meus olhos brilhando quando ganhava um presente. Disse uma frase: "Para as mulheres os melhores amantes são os diamantes." Certamente o meu olho brilhava porque imagina como devia ser linda a joia que ia ganhar. Me perguntava se era o tal anel de compromisso que ele guardou no cofre. Depois de um tempo me olhando com um sorriso muito enigmático.
Ele colocou meu cabalo para um lado do pescoço, tirou a gargantilha de diamantes que eu usava e jogou no chão. _Mas Você é diferente. Ele disse enquanto tirava minhas jóias e jogava no chão com se não valessem nada. Eu ficava pensando que aquele saquinho estava bastante pesado e que ele iria colocar em mim joias muito mais valiosas. E continuava falando umas coisas sem sentido que eu não conseguia acompanhar enquanto lentamente tirava o meu vestido. Ele me deixou completamente nua.
Eu estava deitada na cama e ele começou a percorrer o meu corpo com suas mãos. Eu começava a me inquietar por dentro. A imagem do Pastor Anjo me vinha à cabeça. Eu simplesmente queria que ele me possuísse logo e acabasse com aquilo. Até que finalmente ele despejou o conteúdo do saquinho no meu abdome. Depois espalhou em todo meu corpo as pedras de diamantes.
Claro que eu me surpreendi era uma fortuna em pedras preciosas. O Rhavi era tudo que eu tinha e estava agradecida por isso. Tentei focar nos diamantes. Focar no futuro de sucesso que sempre sonhei pra mim. Não era momento para sentimentalismos. Aquela mulher fria e interesseira tomava conta de mim novamente. Dentro do possível porque a parte interesseira de mim era aquela que me mantinha presa ali. E a outra parte era aquela que não conseguia de jeito nenhum se desligar dos meus sentimentos e tinha repulsa daquele homem que me possuía. Eu vinha de histórico de desprezo e tristezas mas ainda assim me comportava como se não estivesse conquistando nada. Os meus olhos brilhavam mas era o reflexo de quando eu olhava para os diamantes.
Eu era o brilho de uma pedra falsa. Mas o Rhavi se recusava a vê isso. Você quer conhecer uma pessoa? Viaje com ela. E foi o que ele fez pra arrancar de mim a verdade dos meus sentimentos. Fomos para Saint-Jean-Cap-Ferrat. Ele estava estranho, misterioso demais, não disse quanto tempo iríamos ficar lá. Algo me dizia que as coisas iam ficar bem ruim. Eu não podia deixar pra trás tudo que tinha conquistado. Não se tratava de roupas, jóias, carro e mesada. Eu estava escolhendo um apartamento em Paris e outro em Londres. E o Rhavi ia colocar em meu nome todos dois.
Ele era muito bom pra mim. Como eu ia querer fugir dele. Eu queria mais. Queria meu título de nobreza. Queria ser uma princesa de fato e de direito. Saber que quando eu voltasse pro meu país, eu seria alguém que venceu na vida. Definitivamente eu estava muito ambiciosa e vaidosa. Isso não era problema para o Rhavi, mas se eu tivesse alguém com quem eu poderia traí-lo, isso sim seria um problema feio. Ele era extremamente exclusivista. E pagava bem por essa exclusividade.
Diante do preságio de que o tempo iria fechar resolvi me abrir pra ele. Contei toda minha história e tragédias. Todos os amores frustrados. E Todo o meu caminho até encontra-lo. As minhas decepções amorosas e o meu amor incondicional por um homem que eu jurava ser sobrenatural. Ele sempre quis saber tudo sobre a minha vida. Mas saber que eu coração estava ocupado não foi uma boa descoberta pra ele.
Ele me olhou e me disse para não me preocupar com nada. Eu sorri e disse que com ele eu me sentia segura. Mas no fundo eu sabia que tinha algo de estranho no ar. Tínhamos um jantar com visitantes. Eu me senti mais aliviada. Me preparei para o jantar. Ele fez eu colocar uma roupa de odalisca e dançar para os convidados. Eu achei estranhei mas não me intimidei porque sabia dançar muito bem a dança do ventre. Coberta de ouro eu dancei e encantei todos naquela noite. Eu vi que ele queria me exibir como um troféu. E também vi que daquele momento em diante ele não tinha mais a menor intenção de me fazer sua esposa. Mas continuava me dando jóias. E disse para eu não me preocupar com nada. Eu desencanei.
Eu era o brilho de uma pedra falsa. Mas o Rhavi se recusava a vê isso. Você quer conhecer uma pessoa? Viaje com ela. E foi o que ele fez pra arrancar de mim a verdade dos meus sentimentos. Fomos para Saint-Jean-Cap-Ferrat. Ele estava estranho, misterioso demais, não disse quanto tempo iríamos ficar lá. Algo me dizia que as coisas iam ficar bem ruim. Eu não podia deixar pra trás tudo que tinha conquistado. Não se tratava de roupas, jóias, carro e mesada. Eu estava escolhendo um apartamento em Paris e outro em Londres. E o Rhavi ia colocar em meu nome todos dois.
Ele era muito bom pra mim. Como eu ia querer fugir dele. Eu queria mais. Queria meu título de nobreza. Queria ser uma princesa de fato e de direito. Saber que quando eu voltasse pro meu país, eu seria alguém que venceu na vida. Definitivamente eu estava muito ambiciosa e vaidosa. Isso não era problema para o Rhavi, mas se eu tivesse alguém com quem eu poderia traí-lo, isso sim seria um problema feio. Ele era extremamente exclusivista. E pagava bem por essa exclusividade.
Diante do preságio de que o tempo iria fechar resolvi me abrir pra ele. Contei toda minha história e tragédias. Todos os amores frustrados. E Todo o meu caminho até encontra-lo. As minhas decepções amorosas e o meu amor incondicional por um homem que eu jurava ser sobrenatural. Ele sempre quis saber tudo sobre a minha vida. Mas saber que eu coração estava ocupado não foi uma boa descoberta pra ele.
Ele me olhou e me disse para não me preocupar com nada. Eu sorri e disse que com ele eu me sentia segura. Mas no fundo eu sabia que tinha algo de estranho no ar. Tínhamos um jantar com visitantes. Eu me senti mais aliviada. Me preparei para o jantar. Ele fez eu colocar uma roupa de odalisca e dançar para os convidados. Eu achei estranhei mas não me intimidei porque sabia dançar muito bem a dança do ventre. Coberta de ouro eu dancei e encantei todos naquela noite. Eu vi que ele queria me exibir como um troféu. E também vi que daquele momento em diante ele não tinha mais a menor intenção de me fazer sua esposa. Mas continuava me dando jóias. E disse para eu não me preocupar com nada. Eu desencanei.
III. O cordeiro virou lobo
Achei que ele queria proporcionar momentos diferentes, inesquecíveis entre nós dois. Já que ele sabia que eu tinha um amor impossível. Pensei que ele quisesse de alguma forma tentar me conquistar de outra maneira já que do modelo tradicional ele não havia conseguido. Eu não estava errada, ele realmente iria me surpreender. Depois que nossos convidados foram embora eu fui bastante carinhosa com ele. Amorosa e provocante eu fiz sexo como uma boa profissional satisfazendo todos os desejos dele. Não sei se convenci ele mas sei que ele se desmanchou de amores por mim. Quando o sol estava nascendo e atravessando a vidraça da nossa cinematográfica suite. Ele se ajoelhou aos meus pés dizendo que me amava tanto e que só por isso ia me dá a chance de escolher. Disse eu podia ir embora levando o que eu quisesse. Mesmo que isso significasse ir atras do homem que me rejeitou. Pediu que eu pensasse e agisse com verdade e que ele iria respeitar e não ia me impedir. Mas se caso eu ficasse ele não saberia me dizer até onde poderia chegar com esse amor.
Eu via nele a loucura e o desespero, mas não levei a sério. Só pensei que não queria perder meus dois apartamentos. Sem perceber que ele estava me testando e ao mesmo tempo me dando a oportunidade de escapar da loucura dele. Eu disse que não queria ir embora.
_Para mim o matrimônio entre duas pessoas é indissolúvel. Quer unir sua vida a minha sabendo que nunca mais será uma mulher livre?
_Rhavi isso é um pedido de casamento? Cadê a taça de champagne com o anel dentro? Brinquei
_Se ficar será pra toda vida. E eu não brinco.
_Se me quer como sua esposa por que me expôs assim como uma odalisca?
O que Rhavi queria que eu entendesse é que se eu ficasse estava claro para ele que seria por dinheiro. Mas se eu fosse embora era porque estava colocando o amor e a verdade em primeiro lugar. Eu não tinha mais esperança no amor. Achava que isso não era pra mim. Eu realmente me preocupava só com o financeiro. Como se só o dinheiro pudesse suprir todas as minhas necessidades humanas. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde eu ia sentir falta do fogo da paixão. Sabia que eu ia sentir falta até mesmo da insegurança que vem junto com o amor. E que nesse momento ele me perderia. Sem me responder a pergunta que eu lhe fiz ele saiu.
Passamos uns dias como um casal em lua de mel. Eu estava sendo carinhosa e atenciosa com ele. Já estávamos duas semanas em Saint-Jean e eu nunca passei dias tão longos em toda minha vida. E ele nunca passou tanto tempo sem se isolar, sem meditar e sem reverenciar Alá. As horas não passam num lugar pequeno, tranquilo e sem nada pra fazer. Já deu pra imaginar, né. Eu tendo que me desdobrar em duas para fingir o tempo todo que estava feliz. Todo dia eu acordava rezando pra ele dizer que íamos embora de lá. Um lugar romântico se torna um pesadelo no inferno se não estamos com a pessoa que amamos. Um fim de semana lá é o suficiente para você meditar, descansar e recarregar as energias. Mas a vida tem que continuar. O Rhavi queria mesmo me enlouquecer. Ele sabia que eu detestava lugares muito calmo. Eu estava começando a ficar pilhada. Era essa a intensão de Rhavi, descobrir até onde eu ia com minha farsa.
Apesar do Rhavi ser um homem atraente me custava muito beija-lo. Cada vez que isso acontecia eu pensava no meu anjo. Eu estava cada vez mais emotiva. Nas grandes metrópoles você não tem muito tempo para pensar na vida. No agito do dia a dia você se distancia de deus e de você mesma. Mas aquela cidade parecia um retiro espiritual. Eu vivia pensando, refletindo e ouvindo uma voz do inconsciente. Uma voz que me dizia que eu não queria acabar os meus dias sem ter vivido pelo menos um dia de felicidade plena. Estava voltando aos poucos a ser aquela sonhadora de antes.A minha sensibilidade estava voltando.
Tudo começou a ficar mais claro quando numa noite eu me recusei a fazer sexo com ele. Tínhamos chegado de um recital e eu não tirava o meu anjo da cabeça. Rhavi tinha acabado de me dar um colar de esmeraldas magnífico. Eu recebi como se estivesse recebendo um presente qualquer. Ele me disse que eu estava pouco empolgada aquela noite. Eu disse que sim e que apenas queria descansar.
_Vá para o quarto querida. -Ele me disse e piscou.
Eu fui imediatamente sem dá o tradicional beijo de boa noite. Ele ficou tomando whisky na sala. Mas não demorou muito a ir para o quarto. Quando entrou me viu deitada e o colar de esmeraldas no criado mudo. Eu estava de camisola e sem maquiagem. O que indicava que o colar tinha sido a última coisa que eu tinha tirado. Já que as outras joias que estava usando estavam todas no porta joia. O Rhavi era muito detalhista e observador. Ele sabia que eu tinha amado o colar mas que tinha fingido nem ligar. Isso estimulava a imaginação dele que queria sempre me surpreender. Era difícil me impressionar, ele me mimava demais. Então ele se deitou ao meu lado e tentou me acariciar. Eu disse que precisava dormir. Ele não aceitou pois eu sempre dormia muito e o meu dia foi relaxante com massagens e ôfuror. Ele reclamou da minha recusa e insistiu tentando me beijar. Eu me sentei na cama rapidamente e disse irritada que não queria fazer sexo. Não sei da onde eu tirei tanta raiva. Ele achou a palavra sexo muito agressiva então me jogou no chão.
_Eu queria fazer amor. Quem falou de sexo deve estar sentindo falta. Ele me possuiu como um animal selvagem. Eu me senti enojada de mim mesma por me permitir suportar tudo aquilo por dinheiro. Na manhã seguinte tentei conversar
_Eu me sinto muito lisonjeada com tanto amor e a atenção que você me dá. Mas acho desnecessário você cancelar todos seus compromissos só pra ficar comigo. Nós poderíamos ir juntos a Dubai. Eu poderia acompanha-lo em todas as suas viagens. Eu me sinto mal de atrapalhar seus negócios. - Ele deu um soco na mesa _Mas será que ainda não entendeu?
_ Se você me explicar talvez eu possa entender melhor. -Ele se levantou me puxou pelo braço e me violentou mais uma vez. Só então eu percebi que aquilo era um estupro. Eu chorava e perguntava por que ele estava fazendo aquilo comigo.
_Você não merece que eu seja um cavalheiro. Você teve tudo de mim. E de que adiantou? Você não tem o direito de me desprezar. Você está aqui pra me servir.
_Mas é você que não tem o direito de me pegar a força.
_De agora em diante vai ser assim. Ou você faz por bem ou vai fazer por mal. É o que acontece com quem se vende. Você por um acaso já fez as contas o quanto eu invisto em você? Acha mesmo que não tenho o direito de te possuir quando e como quiser? Você aceitou os termos. Correu todos os riscos por dinheiro.
Os dias de loucura em Saint-Jean só estavam começando. Monitorada por câmeras e seguranças eu não dava um passo sem que Rhavi soubesse. Percebi que fugir seria uma missão impossível. Era raro ele se ausentar. Mas quando se ausentava eu ficava pensando uma maneira de pedir socorro. Todo aquele amor terno, aquela paixão, se transformou em obsessão. Ele dizia que ia mudar a minha vida. Que a nossa família seria a mais rica e mais feliz. Eu percebi que ele queria me engravidar. Eu fiquei desesperada porque ele jogou todos os meus medicamentos pensando que eu tomava anticoncepcional. Eu realmente tomava porque é um cuidado a mais além do preservativo que ele obviamente não usava. O que ele não sabia é que eu tomava injeção e que estava imune por três meses. Eu tinha esse tempo pra me libertar dele porque seria um pesadelo ter um filho de um psicopata.
Ele era tão louco que chegou mesmo a me dar as escrituras dos dois apartamentos que me prometeu. Parecia que o Rhavi queria me provar que amar ele teria sido a melhor coisa pra mim. Eu jamais ia deixar de amar um anjo pra amar um demônio. Quando ele se ausentava eu ficava presa no porão da casa onde só ele tinha a chave. Ele não confiava nem nos capangas dele. Eu passei dois dias no porão quando ele foi fechar a compra dos apartamentos. De alimentos ele deixou frutas, nozes e pão. E a pão e água eu passei esses dois dias feliz porque ele estava longe de mim. Lembram de quando eu disse que quando a gente pensa que já perdeu tudo acaba descobrindo que ainda tem muito a perder e a recuperar. Pois é, eu nunca imaginei que pudesse perder a minha liberdade. Então eu tinha que achar um jeito de não perder mais nada, ou seja, a minha própria vida. Porque naquela altura eu tinha certeza que não queria morrer sem antes voltar a ver o meu anjo. Eu tinha que lutar pela minha vida e pela minha liberdade. E foi com esse desejo que voltei a falar com Deus. Me humilhei e orei.
Se ele se distanciou de Alá porque ele sabia que procurar a presença de Deus era o mesmo que reconhecer que ele estava cometendo um erro. Somos bons e justos quando estamos em comunhão com Deus. Mas se não estamos nos tornamos pessoas terríveis. Eu tentava falar de Deus com ele mas era inútil porque ele ficava violento. A fera pra se defender sempre ataca. Ele criou uma regra. Cada vez que eu falava de Deus eu era amarrada a cama e ele me possuía da forma mais dolorosa pra mim. E ameaçava mandar o Bill passar a noite comigo. Bill era um negão de dois metros de altura com uma cara de mal que fazia a segurança pessoal dele. Não acreditava que ele fosse capaz de deixar outro homem me tocar mas como ele estava louco não quis pagar pra ver. Me mantive em silencio para não ser violentada pelo Bill também.
A maior tortura não era quando ele me pegava a força. Era quando ele me mostrava os vídeos das agressões e estupros, os momentos de maior agonia, e dizia que ia mandar para o meu Pastor. Eu além de reviver a dor cada vez que via os vídeos eu ficava em pânico imaginado até onde ele seria capaz de chegar. Se ele fizesse isso o Pastor Anjo nunca ia descobrir onde era meu cativeiro ia se angustiar muito por não poder me ajudar. Mas o que eu mais tinha medo é que ele fizesse mal ao meu amor. Ele me torturava psicologicamente. Me dava notícias falsas do meu anjo. Ele não sabia por quem eu estava apaixonada. Mas eu conhecia bem meu Pastor. Sei que ele jamais iria se casar. Eu nunca acreditei em nada que ele falou. Cada absurdo. Que meu Pastor estava sendo processado por assédio. Mas um dia ele se superou na maldade. Mandou confeccionar uma edição falsa de um jornal carioca muito famoso onde tinha uma matéria que falava do assassinato do Pastor Anjo. Eu não consegui raciocinar com o choque porque ele fez tudo tão perfeito. Primeiro ele me mostrou fotos dos capangas dele no Rio. Depois ele me mostrou os bilhetes de ida e volta dos mesmos pra provar que tudo ocorreu na data que dizia o jornal. Eu entrei em desespero.
Mais uma vez eu via que não tinha mais pelo que lutar. A minha vida era um fardo pra mim. Não dava pra viver com o fato de ser a causadora da morte do meu amor. Eu só queria acabar com a minha vida. Num descuido de Rhavi eu tomei os medicamentos dele. E não sei em que estado eu cheguei no hospital. Só me lembro que tive uma espécie de sonho no meu coma. Nele o Pastor Anjo dizia que o único jeito de reencontrar ele e minha família era não cometendo suicídio. Ele me disse pra confiar em Deus que ele estava comigo e pra não me deixar enganar pelas aparências. Quando acordei fiquei refletindo no sonho. Toda vez que decido correr riscos é por não confiar o suficiente em Deus. Primeiro, eu assinei aquele contrato absurdo com o Albert depois que o Deus já tinha me prometido a cura da minha mãe. Agora eu arrisquei perder minha vida e minha salvação. O meu sentimento era que Deus tinha ressuscitado o Pastor Anjo. Acreditar nisso é tirar uma fé de dentro da própria insanidade. Mas o sonho foi muito real, foi como uma visão. Eu tinha que acreditar que ele ia estava vivo.
O Rhavi não pensou nas consequências do seu ato. Eu vi ele entrando na UTI arrasado quando me viu acordada ele se ajoelhou e agradeceu a Deus. Chegou perto de mim e pediu perdão. Eu disse jamais. Deus que te perdoe porque eu não posso. E eu não posso suportar te perder. Eu fiz pacto com Alá pra te trazer de volta à vida. Se eu não estou morta foi porque meu anjo intercedeu por mim, não você. Deus jamais ouviria um doente, um demônio como você. Ele chorando me disse somos nós, os doentes de amor que mais precisamos de Deus. Veja você é tão doente de amor quanto eu. Quem tira a própria vida pode matar qualquer pessoa. Somos dois doentes por amor. Se você está viva certamente foi porque Alá não queria mais uma morte, a minha. _ Sai daqui, eu não quero te ver. Durante a noite o Pastor Anjo apareceu pra mim e me disse pra não brigar com Rhavi pra aceitar tudo e confiar que muito em breve estaríamos juntos.
Tudo que era meu estava na casa. Não dava pra fugir sem documentos. Confiando na minha visão aceitei voltar pra casa do Rhavi. Eu não sabia o que me esperava mas eu não tinha medo. O bom foi que ele não me tocou mais. Eu arrisquei dizer que ia embora quando estivesse melhor. Ele disse que não podia impedir como prova de que estava arrependido.
_Não sei como te provar meu arrependimento mas sei que jamais terei uma segunda chance se apertar o gatilho contra mim mesmo.- Me mostrou uma arma que guardava na gaveta do criado mudo.
_Pelo amor de deus Rhavi eu pensei que tinha dito que estava arrependido. Me deixa viver em paz.
_Só quero que saiba que sem você eu não quero viver. Acredite que o seu amor por aquele Pastor não é maior que o meu por você.
_O meu amor não é como a sua doença obsessiva que mata pessoas inocentes.
Ele me revelou que não fez nada com meu anjo. Que eu podia falar com ele que o telefone estava na mesa do escritório. Ele disse que ia passar dois dias fora. Que eu aproveitasse esses dias pra me recuperar. E também que esperava que o meu ódio por ele passasse depois que ouvisse a voz do meu Pastor. Eu liguei apenas para saber se ele estava realmente vivo. Alguém atendeu e disse que ia chama-lo e eu simplesmente desliguei. Rhavi viajou e eu recebi uma visita surpreendente. A esposa dele. Uma egípcia linda, inteligente e muito forte. Disse que foi me libertar. Eu disse a ela que ele era capaz de cometer loucuras. Ela me disse que tinha um bom plano.
_Ele pode se matar. Eu prefiro me sacrificar e aceitar os designos de deus que conviver com a culpa da morte de uma pessoa. Ainda que esta pessoa seja o Rhavi.
_Não se você deixar uma carta dizendo que está gravida dele. Ele não vai querer morrer, vai querer conhecer o filho.
_Eu vou viver como uma fugitiva? Além do mais ele nunca mais me tocou.
_Mas se você o procurar uma unica vez ele não vai resistir. E depois eu conto toda a verdade pra ele.
_É arriscado pra você. Ele pode se vingar. Você não faz ideia como ele é obsessivo. Desculpe, mas esse amor dele por mim é maior que tudo.
_Amor, amor verdadeiro, é o que ele sente por mim. Eu sei. Ele jamais tentaria nada contra mim. Nós nos casamos quando você estava na UTI foi uma cerimonia simples. Eu vim a Saint_Jean para nos casarmos porque estava sentindo que tinha algo de muito errado com meu noivo. Era essa doença. Uma patologia de família. Acredite que ele é uma boa pessoa.
_Eu não sei se sinto ódio ou pena. Só não suporto mais viver com ele. Por favor me ajude. Eu quero ir embora com minha consciência tranquila.
_Se estou aqui é porque estou gravida e ele não sabe ainda. Foi um dos motivos pelo qual insisti pra nos casarmos rapidamente. A gente tem que usar as armas que tem para vencer a guerra do amor. Eu sei que já venci essa guerra.
Ele tinha essa noiva muito antes de me conhecer. Era só eu que acreditava que ele tinha intensão de se casar comigo. Como é clássico o homem árabe ter várias mulheres. Meu engano foi achar que eu era a oficial. Ela me disse que sempre soube que ele tinha outra mulher. A gente sempre sabe quando nossos homens têm outra mulher. Conversamos muito naquela tarde e ela me ajudou a voltar para o Brasil. Quando me despedi dela e disse o quanto eu estava agradecida por tudo que ela fez por mim. Ela disse que eu apareci na vida deles pra mostrar que o amor verdadeiro nunca pode ser comparado com uma paixão repentina que só chega pra causar destruição e dor. Isso era o erro de algumas pessoas trocar um amor verdadeiro por paixão.
Ela segurou em minha mão e me desejou boa sorte. Eu vi no dedo dela aquele anel que ele tinha guardado no cofre. Era um anel com uma pedra enorme e eu desejei ele pra mim no dia que vi pela primeira vez. Mas depois de tudo achei que ele foi parar no dedo de quem realmente merecia.
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